Godinho Lopes é um avião sem sistema de navegação. Com um rosto de medo e rápido a caminhar até à saída, afirmou, acabado de chegar ao aeroporto de Lisboa, que nada iria acontecer ao treinador. No dia a seguir, já protegido pelo afastamento físico de quem o contestava no aeroporto, menosprezou a justa contestação e, tal e qual JEB nos últimos tempos da sua miserável e empobrecedora administração, optou por ofender os “30 adeptos”. Mais um dia passado após a contestação, despede o homem que antes tinha garantido permanecer no lugar, supostamente imune ao mau momento. É isto a Linha Roquete: loucura decisorial e desrespeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.
"O Sportinguista, em mais de 100 anos de dita escolha, jamais ousou queimar ou detrair o símbolo e a cor que o identificam. Outros, os tais que clamam superioridade moral e identitária, fizeram-no.", dito por pai de Daniel.

4 de fevereiro de 2012

Irmãs e Irmãos Sportinguistas, a união de todos nós nunca foi tão necessária quanto hoje

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É verdade que a grande penalidade que o árbitro não assinalou, somando à falta o respectivo cartão vermelho que ficou por demonstrar ao jogador do adversário, poderia ter alterado o rumo do jogo, ainda por cima quando ficariam a faltar minutos suficientes para o Sporting operar a muito necessária reviravolta do resultado, mas, aqui reside o problema, o Sporting só decidiu fazer pela vida quando se viu encostado à parede. Não creio que um clube da nossa dimensão, independentemente da conjuntura pouco simpática que paira sobre ele, necessite de se ver reduzido a 10 e a perder por um golo para abrir a pestana, arregaçar as mangas e ir à procura da vitória, cenário que, como se sabia antes do jogo começar, era o único que a equipa do nosso clube devia ter em conta. A equipa, não reconhecendo a tarefa de conclusão única que marcava o jogo, entrou a dormir, jogou de forma lenta, preguiçosa, sem pensamento pré-definido, permitindo que o adversário, motivado por ter derrotado o clube dos bares de alterne por 3-1, sentisse que alcançar um resultado positiva era possível.

Uns clamam pela cabeça de Domingos Paciência. Para quê, eu pergunto? Para lá ficar o presidente fraco? Para lá ficarem Polga, João Pereira e muitos outros? Para a arbitragem permanecer no regime poluído em que vive há muito? Para o Benfica e Porto deslocarem ainda mais de nós? Para o SCP ir à Madeira sem treinador em clima de ausência de responsabilidade? Para atirarmos para o baú de treinadores perdidos um que é, na verdade, competente, apesar dos erros evidenciados? Não comecemos no mais inocente dos elementos, meus caros! O problema do Sporting não é no banco de treinadores, é no gabinete de administradores!

Salvam-se dois ou três jogadores. Não os vou enumerar, no entanto. Domingos, coitado, nunca pensou que a vida de um treinador do Sporting fosse tão árdua. Pois é, caro Domingos, a vida no clube do Leão é como a vida do animal que vive no símbolo do clube. É a selva pura e dura, mas não com árvores exóticas e animais potencialmente perigosos, assim como uma tribo ainda não destruída pela mão corrosiva do homem ganancioso, mas com prédios, estádios, jornais maliciosos, directores incompetentes, falências técnicas, jogadores preguiçosos. Estes pontos negativos são combatidos por um ponto positivo que, por culpa do mau momento e das persistentes más notícias sobre o futuro do clube, se vai evaporar, ou então muito reduzido, ao longo da restante época: a força dos adeptos.

Quando o Sporting se apresentou no inicio da época 2011/2012, os adeptos do Sporting Clube de Portugal, ao contrário do campeão nacional e do clube dos “6 milhões”, esgotaram o estádio do seu clube quando o jogo de apresentação aconteceu. Estavam 50.000 pessoas no Estádio de Alvalade, num clima de alegria e motivação que serviu para fazer ver que o clube estava vivo. A época anterior foi péssima, um terror autêntico, desportivo e administrativo, com um presidente eleito por todos a demitir-se e dar lugar a um que venceu por uns estranhos e pouco claros 300 e pouco votos (uma espécie de eleições EUA 2000 versão SCP, com Godinho a fazer de Bush Jr. e Bruno Carvalho no papel de Al Gore).

O jogo de apresentação não correu como os 50.000 que esgotaram o estádio desejaram. Perdemos a partida. Contudo, a motivação não esmoreceu, apenas foi doseada com um pouco de realidade, essa dura mas importante variável que na vida do Sportinguista é tão essencial quanto oxigénio (a realidade, nos últimos tempos, tem-nos sido muito cruel, sabemos isso muito bem). A equipa foi reforçada com alguns jogadores cuja opinião sobre os mesmos era toda ela positiva (não temos em conta os sempre presentes pessimistas, esses tão negativos em relação a tudo o que se faz que creio que nem a contratação do Cristiano Ronaldo os satisfaria). O treinador Domingos Paciência, por mim muitas vezes elogiado, vinha de um clube onde apresentou um trabalho, positivo, que outros juraram nunca poder ser igualado, quanto mais ultrapassado. Levou o modesto Braga (digam o que disserem e classifiquem-se em que lugar for, o adjectivo “modesto” é tão apropriado ontem como hoje) a um patamar que ainda hoje, como no futuro, provoca em muitos um certa estranheza – existe inclusive um livro que pretende caracterizar o modelo de gestão do Braga como “único”.

O campeonato começou e os aspectos negativos que se evidenciaram frente ao Valência, como a defesa incapaz de reagir e o ataque sem dinâmicas e jogador goleador, permaneceram. Os resultados iniciais foram maus, contrastando com os resultados positivos dos rivais, mesmo que o mais imparcial dos adeptos – raridade quando o tema em debate é futebol (ou política) - reconheça que as iniciais vitórias de Benfica e Porto não foram de acordo com as regras mais básicas do futebol. Já ultrapassámos a primeira metade do campeonato e essas ajudas continuam. Não são acontecimentos exclusivos da época 2011/2012, são antes aspectos tão básicos quanto a bola que os jogadores utilizam para jogar futebol. Em Portugal, a manipulação do árbitro é uma parte nuclear do jogo. Resta saber em que momento da partida vai acontecer. Sabemos, todavia, que o SCP será sempre sequestrado por estes homens corruptos.

A história do campeonato alterou-se, de súbito. Os rivais mais directos bloquearam em algumas partidas e o Sporting, frente ao sempre complicado Paços de Ferreira, virou um resultado que uns já contavam utilizar para chacinar o clube na imprensa, tentando empurrá-lo para um buraco impossível de ultrapassar. A motivação de início de época voltou. Sendo fiel à verdade, ela nunca fugiu, antes esteve um pouco escondida quando as ocorrências nos eram pouco simpáticas. De um momento para o outro, a gentes leoninas regressaram ao palco de combate: o estádio.

O Sporting Clube de Portugal é, além de genuína e meritoriamente uma instituição desportiva grande, peculiar. Sim, peculiar. Está em baixo, todos de outra cor tentam feri-lo, mas rapidamente, como um Leão faminto, ressurge, pronto a enfrentar todos aqueles que disputam o mesmo objectivo que ele. A média de assistências do Sporting em jogos fora é superior à do Porto, por exemplo, e a distância de um para o outro não é de uma ou duas centenas de pessoas. Nalguns jogos essa diferença chega aos 8000 espectadores. Noutro fantástico exemplo, e recente, o Sporting apresentou em Leiria mais de 2000 Sportinguistas, numa noite fria…para ver jogar a equipa júnior do Sporting. Já novamente instalado o momento mau, com ambos os rivais a uma quase irrecuperável (quem não sonha, não é Sportinguista, e a esperança, como se sabe, é verde) distância pontual, o Sporting apresenta quase 40.000 pessoas. No outro lado da estrada, não se conseguiu chegar a tão nobre número…estando em primeiro lugar do campeonato.

Ontem, frente a um Gil Vicente que no campeonato foi despachado por uns esclarecedores 6-1, o Sporting entrou tímido, qual Leão mortalmente ferido e rodeado por imensas hienas, e, por consequência da atitude demonstrada, claudicou. Fomos eliminados da Taça da Liga, uma das competições que o Sporting tenta há muito conquistar. A verdade, que sabemos quase nunca vestir a camisola verde-e-branca, atribuir-nos-ia, pelo menos, uma Taça da Liga, mas essa, em época de alto investimento por parte do clube adversário na final, foi-nos surripiada pelo tradicional sabotador de jogos: o árbitro.

Restam-nos, então, quatro muito importantes objectivos (a ordem depende de cada um):

  • 1) Alcançar o terceiro lugar da classificação, apurando o clube para uma das pré-eliminatórias da Liga dos Campeões;
  • 2) Eliminar o Nacional da Madeira, garantindo o apuramento para a Final da Taça de Portugal, e conquistar esta competição;
  • 3) Ultrapassar o Légia de Varsóvia, na Liga Europa, e defrontar dignamente o adversário mais expectável dessa eliminatória, o sordidamente rico Manchester City;
  • 4) Ponderar, via um debate sério e disciplinado, o futuro do clube e saber aprovar as medidas necessárias;

O futuro não é aterrador. Não é também paradisíaco. É incerto. É necessário pensar o Sporting. Repetitiva e surda oposição não beneficia o clube, antes afasta os sócios cujos votos são essenciais à revolução que o clube há muito anseia. Precisamos de pensar o clube. De fazer crescer o lote de ideias capazes de transformar o Sporting no clube que ele verdadeiramente é. Cada vez mais me consciencializo de que o Sporting Clube de Portugal, para ultrapassar de vez a crise financeira que o teima em impedir de crescer, necessitará de caminhar num deserto durante 2 ou 3 anos, pagando dívida. Mas é impossível recuperar o clube sem recuperar o sentimento que faz muitos sofrerem por ele. Os Sportinguistas, como mais ninguém neste país, não gostam do Sporting porque este vence. Infelizmente, o Sporting, em futebol, pouco vence.

Nenhum género de crise, financeira, desportiva, institucional ou clubística, é ultrapassável se os Sportinguistas não estiverem ao lado do clube, dispostos a fazer parte do projecto. Nenhum clube crescerá se não tiver o aspecto humano com quem compartilhar as alegrias e as infelicidades. Nos últimos anos, temos partilhado excessivas infelicidades, é verdade, mas estamos, eu sei, dispostos a unir-nos em torno de uma ideia, de um projecto, de um homem, capaz de pegar no Leão e torná-lo o rei desta selva que é futebol português. Mas nenhum homem, por mais sábio e competente que seja, será capaz de o fazer se nós, Sportinguistas de coração, não nos propusermos a pegar em armas e fazer parte do combate.

Objectivo: Pensar o Sporting, estando sempre ao lado dele!